terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A CHAVE MESTRA: UMA PRESSUPOSIÇÃO


John F. MacArthur Junior / Resumo Descritivo
Parte 2 - Introdução
Uma das declarações que a Bíblia faz de si mesma é que é viva 1 Pe 1:23. Paulo refere-se à Bíblia como a Palavra da Vida (Fp 2:16). O escritor de Hebreus declara ser a Palavra de Deus viva e eficaz (Hb 4:12).
Você pergunta: Mas como pode a Palavra de Deus ser viva? Eu pego a minha Bíblia e ela não faz nada. Fica parada, simplesmente. Será que as páginas são vivas, a tinta, ou o couro? A morte reina neste mundo. I Pe 1:24.
Primeiramente, a Bíblia está viva em si mesma. Vive em perene vigor. Em qualquer geração e idade, toda pessoa que lê a Bíblia encontra vida e vigor. Esta tem sido minha própria experiência. Cada vez que leio a Bíblia encontro algo novo a ser aplicado, uma nova lição. Cada vez que os leio fico deslumbrado ante a novidade!
Outra razão pela qual dizemos que a Bíblia vive é devido à sua atualidade. Você já folheou seus velhos livros de escola? A maioria está desatualizada. A ciência continua a fazer novas descobertas e novos livros são produzidos, no entanto, a Bíblia jamais se desatualiza.
Outra forma pela qual a Bíblia vive é que ela discerne os corações; possui uma percepção interior surpreendente. Por vezes, ao ler a Bíblia, quase morro de vergonha. A Bíblia é uma espada afiada de dois gumes que discerne os pensamentos e os propósitos do coração (Hb 4:12). Revela exatamente aquilo que sou. E por isso que aqueles que desejam permanecer no erro não a leem. Ela os descobre.
Em segundo lugar, a Bíblia transmite vida. Não apenas a contém, mas transmite vida. O maior poder de qualquer organismo vivo é a capacidade de se reproduzir. Os nossos pensamentos e palavras são incapazes disso. Poderíamos falar o dia todo sem produzirmos vida espiritual. Mas a Palavra de Deus é viva e reproduz vida. Tg 1:18
Consideremos a parábola do semeador em Lucas, no oitavo capitulo. Qual é o único ingrediente no qual as pessoas precisam crer para a salvação? É a Palavra. Ela transmite vida. Outra prova de que a Palavra é essencial para o processo de regeneração pode ser demonstrada através de João 6:63.
Um terceiro aspecto - a Bíblia sustenta a vida espiritual. A vida exige alimento, e a Palavra de Deus é esse alimento I Pedro 2:2. Muitos crentes não desejam ardentemente a Palavra. Como resultado, são fraquinhos, franzinos, desnutridos. Há outros lugares em que a Bíblia fala de si mesma como sustento: Jr 15:16. Paulo lembra a mesma coisa a Timóteo, vista de outro ângulo: I Tm 4:6.
O alimento do crente é a Palavra de Deus. Precisamos dela como um nenê precisa de leite, mas precisamos também crescer para finalmente podermos comer carne.
Uma quarta razão pela qual dizemos que a Palavra de Deus vive é que ela transforma a vida. Ef 4:23.
Em Romanos 12.2 o apóstolo diz que a renovação das nossas mentes é algo que deve ocorrer para que sejamos transformados. Mesmo como crentes, precisamos permitir que a Palavra nos transforme. Não somos perfeitos ao nos tornarmos cristãos. O Espírito Santo ainda tem muito a fazer para nos moldar conforme a imagem de Cristo. Mesmo depois que entramos na família de Deus, a velha mente, com seus hábitos de preocupação egoísta, com sua fome de emoções, com seu desejo de agitação, com sua imaginação e apetites para as coisas erradas ou duvidosas da vida - tudo isto tem que ser retirado. Como? Pela Palavra de Deus.
II Coríntios 3:14 dá a resposta para vidas que desejam ser transformadas (falando do povo de Israel). Noutras palavras, hoje Israel permanece cego e não pode entender o Evangelho. Mas o trecho continua dizendo que o véu será removido (v.16).
Bem, e quanto aos crentes - os cristãos? Estamos desligados de Cristo? Não! "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito" (v.18).
Como podemos ser transformados? Como nos tornaremos iguais a Cristo? Muito simples: à medida em que contemplamos a glória de Jesus Cristo, somos transformados em sua própria imagem! Ao desviarmos os nossos olhos de nós mesmos e fixá-los em Jesus, o Espírito de Deus efetua a transformação. É este o ápice do crescimento espiritual.
Levantar o Rosto. É tão simples! Porém, muitos crentes estão procurando uma espécie de atalho para atingir uma super espiritualidade que não existe.
Permita-me sugerir cinco coisas específicas que você pode fazer a fim de usar a chave mestra. Primeiro: creia nela - João 6:68. Creia na Bíblia. Aceite-a como revelação de Deus. Em segundo lugar, estude-a - Atos 18.24. À medida em que estudar as Escrituras, você poderá se apresentar aprovado a Deus (II Timóteo 2:15).
Uma terceira sugestão: honre a Palavra - Pv 3:14,15. Em quarto lugar, além de honrá-la, ame a Palavra de Deus. Dê a ela do seu tempo e de sua atenção como você faria com qualquer outro objeto de estimação. Sl 119.57.
Em quinto lugar, e talvez o mais importante: obedeça a Palavra de Deus. Faça o que ela diz. A comunicação com Deus não é opcional, nem é algo ao qual você se submete se tem vontade. È obrigatória. Ne 8:1.
Renove seu coração permitindo que a Palavra de Deus dirija a sua vida. Estas cinco sugestões permitem que você empregue a chave mestra, que abre tudo. No entanto, há outras chaves, cada uma desvendando um novo tesouro do crescimento espiritual. Cada uma é baseada nesta Chave Mestra - cada uma é um princípio da Palavra de Deus.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

CHAVES PARA O C RESCIMENTO ESPIRITUAL


John F. MacArthur Junior / Resumo Descritivo
Parte 1 - Introdução

A vida resulta em crescimento. Vida espiritual resulta em crescimento espiritual. Ou, pelo menos deveria ser assim. Você está crescendo? Se não estiver crescendo, ou não estiver satisfeito com o seu índice de crescimento, este livro é para você!
Esteja certo de que Deus deseja que todo o crente atinja a maturidade espiritual. Sua Palavra nos ordena. "Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo..." (II Pedro 3:18).
É esta a nossa obrigação e nosso privilégio. A cada dia, podemos progredir em nossa vida espiritual, prosseguindo num conhecimento mais pleno, mais alto, mais pessoal e experimental de Deus e de Cristo. Podemos passar da Palavra de Deus para o Deus que a escreveu, conhecendo-o mais de perto. Descubra, porém, que muitas pessoas tem ideias erradas quanto ao que envolve este assunto importantíssimo.
O crescimento espiritual não tem nada a ver com a nossa posição em Cristo, Deus nos vê através de Seu Filho como se já fossemos perfeitos. Somos completos nEle. Cl 2:10 / II Pedro 1:3
O crescimento espiritual nada tem a ver com o favor de Deus. Deus não nos ama mais à medida em que nos tornamos mais espirituais. Às vezes os pais ameaçam seus filhos: "Se você fizer isso, Deus não vai mais gostar de você". Que ridículo! O amor de Deus não é condicionado ao nosso comportamento. Rm 5:6-10
Deus não nos ama mais apenas porque crescemos.
O crescimento espiritual nada tem a ver com o tempo. Não se mede crescimento espiritual pelo calendário. É possível uma pessoa ser cristã durante meio século e ainda permanecer um bebê espiritual.
A revista Time(EUA) fez uma reportagem sobre uma pesquisa realizada entre universitários que frequentaram a Escola Dominical durante muitos anos. De acordo com eles, Sodoma e Gomorra eram amantes, os Evangelhos foram escritos por Mateus, Marcos, Lutero e João; Eva foi criada de uma maçã, e Jezabel era a jumenta do rei Acaz. Talvez pessoas aposentadas respondessem de maneira ainda pior! Hb 5.11-14
O crescimento espiritual nada tem a ver com o conhecimento. Uma pessoa pode conhecer muitos fatos, ter muitas informações, mas isso não é o mesmo que ter maturidade espiritual. A não ser que o conhecimento resulte na sua conformidade a Cristo, ele será inútil. Para ter valor, este conhecimento tem que transformar a vida. Jo 3.10
O crescimento espiritual nada tem a ver com atividade. Algumas pessoas pensam que crentes maduros são aqueles que estão sempre ocupados. Mas a ocupação no trabalho da igreja não resulta em maturidade cristã, e nem a substitui. Pode até ser um obstáculo ao que é realmente vital e importante na vida do crente. Lc 10.38-42
O crescimento espiritual nada tem a ver com prosperidade. Algumas pessoas dizem: "Veja só como Deus tem me abençoado. Tenho dinheiro, uma casa maravilhosa, um bom carro e um emprego seguro. Deus tem me abençoado porque eu O tenho honrado." Não acredite nisso. Deus pode ter permitido que você tivesse sucesso — ou até você mesmo pode ter forçado a situação — mas isso não é sinal de crescimento espiritual. Veja II Coríntios 12:7-10.
Minha definição de crescimento espiritual é: prática aliada a posição. Em Cristo sua posição é perfeita. E absoluta. E agora, Deus quer que você reflita essa posição numa experiência progressiva, que é relativa. Tal crescimento é essencial.
Pode ser chamado pelo nome que quiser: seguir a justiça (I Tm 6:11); ser transformado (Rm 12:2); aperfeiçoar a santidade (II Co 7:1); prosseguir para o alvo (Fp 3:14); ou ser edificado e confirmado na fé (Cl 2:7). Este é o alvo de todo crente.
O crescimento espiritual não é místico, sentimental, devocional, psicológico ou resultado de truques secretos. Vem através da compreensão e da prática de princípios dados pela Palavra de Deus. Suas bênçãos infindas encontram-se num depositário divino facilmente aberto por uma série de chaves muito especiais.

sábado, 25 de setembro de 2010

PRUDENCIA OU INSENSATEZ DIANTE DA MENSAGEM


Texto: Mt 7.24-27
Introdução:
O contexto desta passagem é o importante sermão proferido por Jesus. É conhecido pelo sermão do monte.
Jesus deixa de lado a multidão que o seguia por diversas motivações, e dirige-se aos seus discípulos. E passou a ensinar-lhes as marcas, os sinais distintivos, o caráter de um verdadeiro cristão, e deixar bem claro que possuir este caráter é ser mais que feliz.
Jesus ensinou de maneira correta os preceitos da Lei, dando a elas uma interpretação sem corrupção.
Ensinou também como deveria ser a atitude correta com relação ao dia-a-dia de um cristão, e como ele deveria executar algumas das praticas comuns como: jejuar, orar e utilizar os bens que Deus lhe concede.
Também deixou claro como deve ser a perspectiva de vida de quem confia em Deus. Buscando as coisas que procedem dEle, pois as demais já estão garantidas por Ele. Deus sabe o que necessitamos.
Jesus também fala acerca dos relacionamentos. Como devemos proceder para com o próximo. Exorta-nos a sermos bons observadores, sabendo distinguir bem os caminhos e as pessoas com quem temos contato.
Termina então este sermão com uma parábola que mostra uma comparação, e nesta comparação Ele deixa clara a diferença que existe entre: prudência e a insensatez.
Quero pensar que Jesus, termina o sermão com a pergunta: qual a atitude de vocês após ouvirem estas palavras?
Gostaria nesta manhã que você refletisse comigo sobre esta questão: O QUE FAÇO APÓS OUVIR A MENSAGEM DE DEUS?
Durante o semestre passado, ouvimos varias mensagens sobre as disciplinas espirituais. Sermões foram pregados sobre: oração, estudo das Escrituras, jejum, adoração coletiva, perdão, etc.
A pergunta é: O que aconteceu após ouvirmos estas mensagens? Fez alguma diferença ou apenas gerou em mim um ato condicional de ouvi-las ou até um sentimento de conforto por achar que aquelas pelas palavras foram bem colocadas e retoricamente soaram bem nos meus ouvidos?
Considerando os dois versículos principais do texto, temos duas declarações implícitas:
1. Teoria e pratica gera prudência. (v. 24)
2. Teoria sem pratica gera insensatez. (v. 26)
Vamos refletir primeiro sobre a última declaração:
Teoria sem pratica gera insensatez – v. 26
Quando Jesus pregou o sermão do monte, apesar de ser destinado aos seus discípulos, muitos foram os seus ouvintes. As palavras que saíram de sua boca, cada lição ali ensinada foi ouvida por uma multidão. Mateus declara que quando Ele encerrou o sermão as multidões estavam maravilhadas (v. 28).
O que aconteceu com está multidão se na crucificação ela não estava lá? O que aconteceu com toda esta multidão se quando na descida do Espírito Santo, apenas 120 se encontravam reunidos com os apóstolos conforme At 1.15?
Esta multidão gritou: Fora com este! Solta-nos Barrabás!... Crucifica-o! Crucifica-o! (Lc 23.18, 21).
A insensatez é louca, é incredulidade. A multidão ficou maravilhada com as palavras de Jesus, porém esse sentimento não foi capaz de transformar as suas atitudes. Ouviram e até gostaram, mas na a ponto de colocar em pratica. Isso é tolice, é falta de bom senso.
Ouvimos sermão sobre praticas devocionais. Como é importante orar ao Senhor, como a oração é poderosa para nossa vida. Na hora do “a sós com Deus”, lá estou eu passeando pelo seminário. Conversando com o colega. Resolvendo meus problemas no celular. Isso é insensatez, loucura, incredulidade.
Como é importante amar o irmão, amor fraternal. Na primeira dificuldade que tenho com o irmão, ele esta na minha lista negra, não se engane, crente tem lista negra. Qual o tamanho da sua? Eu tenho lutado em destruir a minha?
Falo tanto de amor, mas não suporto o irmão. Se depender de mim vou dificultar a vida dele ao máximo. Isto é loucura, insensatez, incredulidade.
Jesus fez esta declaração usando a figura de uma construção na areia. Por não ter base, por não ter sustentação, quando vierem as tempestades, as dificuldades, ela vai ruir. A religiosidade não se sustenta apenas com palavras, são necessárias ações condizentes com elas. Mt 7.29.
O que faço após ouvir uma mensagem da palavra de Deus? Devo lembrar e considerar que teoria sem pratica gera insensatez.
A segunda declaração implícita neste texto de Mt 7.24-27 é:
Teoria com pratica gera prudência – v. 24
Quero chamar a sua atenção para o fato de que na hora em que a palavra de Deus esta sendo pregada não dá para identificar que é prudente ou insensato. Todos parecem iguais. Tudo porque a prudência se caracteriza como um resultado.
A Bíblia descreve alguém prudente como aquele que em sua boca achar-se sabedoria (Pv 10:13, 19), guarda silencio quando afrontado (Pv 12:16), não é arrogante e soberbo por causa de seu conhecimento (Pv 12:23) é capaz de compreender as coisas com facilidade (Pv 14:6), ele conhece o caminho que esta seguindo (Pv 14:8), se desvia do mal (Pv 22:3), guarda os caminhos do Senhor (Pv 28:7, Os 14.9).
Responda para você mesmo a pergunta que se encontra em Mt 24:45: Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento há seu tempo?
A diferença de um ouvinte prudente para o insensato, é que o prudente não se contenta em apenas ouvir exortações sobre arrependimento, oração, perdão.
Ele não se contenta em apenas ouvir exortações para confiar em Cristo e viver uma vida cristã sadia.
Ele se preocupar em praticar o que aprendeu. Ele se preocupar em viver sua religião e não apenas falar sobre ela.
Ele de fato se arrepende. Ele de fato perdoa. Ele de fato ora. Porque ele de fato crê.
Ele realmente abandona sua insensatez e sua acomodação e busca apegar-se na pratica da palavra que ele recebe de Deus. Ele não é só um ouvinte, mas também é um praticante (Tg 1.22).
Creio que encontramos prudência ao lermos Hb 11.7-40.
A prudência de Noé em aparelhar a arca para salvação de sua casa.
Em Abraão em peregrinar para uma terra que não conhecia e dele ser gerada uma grande nação.
Em Sara por que teve por fiel àquele que lhe havia feito à promessa.
Em José por confiar que Deus levaria de volta o seu povo.
Encontramos prudência em Raabe em acreditar no Deus dos espias.
Em homens como Gideão, Sansão, Davi e outros mais, que por meio da fé subjulgaram reinos, praticaram justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca dos leões.
Encontramos prudência naqueles que foram torturados, escarnecidos, açoitados, mortos por apedrejamento, serrados ao meio, ao fio das espadas, mas que obtiveram um bom testemunho por sua fé. Os heróis da fé creram na Palavra de Deus a ponto de agirem de acordo com sua crença.
A teoria com pratica gera prudência.
Prudência é viver de maneira sabia, de maneira que o conhecimento adquirido estabeleça o padrão de seus atos.
Tomas de Aquino dizia que “a prudência excede o simples saber e encontra-se sempre ligada a ação. Não é uma questão de saber ou de ter conhecimento aguçado, mas é uma inteligência que apura e reconhece a realidade de forma correta, para, a partir deste princípio saber como agir. A prudência é o modo necessário para que a nossa vida tenha êxito”.
Jesus ao terminar o sermão, através de uma parábola, estar mostrando aos seus ouvintes, em especial aos seus discípulos, que a fé deles deveria produzir ações.
Não eram apenas para acharem bonitas as suas palavras, não era apenas para ficarem maravilhadas com seus ensinos, elas deveriam achar uteis para suas vidas as palavras e ensinos que ouviram.
O que faço após ouvir uma mensagem da palavra de Deus?
Devo lembrar e considerar que teoria sem pratica gera insensatez, mas que teoria com pratica gera prudência.
O que vamos fazer com esta mensagem?

sábado, 21 de agosto de 2010

Expressando Gratidão a Deus



Texto: 1Sm 2:1-10.
Introdução:
Um culto de ações de graças, é uma manifestação pública da gratidão para com Deus. É um reconhecimento da presença de Deus em sua vida.
Em um momento difícil, entregando o seu único filho, que Ana de maneira maravilhosa, expressa a sua gratidão a Deus.
Ana mostrou que sua gratidão era verdadeira, pelas atitudes do seu coração!
Um filho de Deus em comunhão com o Senhor manifesta a sua gratidão em atitudes ou ações de graças.
Quais as ações que manifesta uma verdadeira gratidão ao Senhor?
Vejamos as atitudes que Ana manifestou a gratidão neste texto:
I. Alegria no Senhor – V. 1
O seu ânimo provém do Senhor "A minha força está exaltada no Senhor".
Ao Ter vitória contra os inimigos, comemora-a com alegria no Senhor "A minha boca se rí dos meus inimigos". Mas note que esta alegria é interna, no coração, não afrontosa "Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam cousas arrogantes da vossa boca".
Vibra como livramento de Deus "Porquanto me alegro na tua salvação". Salvação de Ana, entre outras, da perseguição de Penina.
Com certeza muitas são as vitórias e derrotas vividas pelos filhos de Deus, a satisfação no Senhor o faz cultuá-lo como Ele é digno.
II. Exaltação a santidade do Senhor – V. 2
Deus é o Senhor absoluto da sua vida "Porque não há outro além de ti"; Deus é seu refúgio nos momentos de dificuldades "e rocha não há nenhuma, como o nosso Deus".
O seu coração não é cheio de orgulho "Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam cousas arrogantes da vossa boca".
O motivo que leva a não termos coração orgulhoso é: "Porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e pesa todas as cousas na balança".
Quando manifestamos gratidão a Deus estamos reconhecendo, entre outras coisas, a Sua santidade.
Uma terceira atitude que manifesta a nossa gratidão a Deus é:
III. Consciente que Deus é o Senhor da vida – V. 6-8.
É crer que o Senhor pode dar e tirar a vida física "faz descer à sepultura e faz subir". É crer e aceita que o Senhor lhe dá bens materiais e os tire quando quiser "o Senhor empobrece e enriquece".
É crer alegremente que o Senhor pode colocar uma pessoa em posição de destaque ou não "abaixa e também exalta"; Ana é exemplo vivo desta verdade.
É crer que Deus pode fazer o homem, que não é nada, tornar-se importante. E, [depois] fazer o inverso. "Exalta o pobre do pó, e desde o esterco exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo".
Chegamos diante de Deus com ações de graça, por que é ele que nos dá e a Ele pertence todas as coisas.
Estas foram atitudes manifestadas por Ana para mostrar a sua gratidão a Deus.
Temos motivos para realizarmos um culto de ação de graça.
Uma manifestação pública de gratidão a Ele. Pois nos alegramos no Senhor, por isso exaltamos a Sua santidade e estamos consciente que Ele é o Senhor da vida.
Que Deus nos abençoe

Pr. Denilson Roque

sábado, 7 de agosto de 2010

A Unidade do Povo de Deus


Como sabemos, este salmo era usado nas romarias do israelitas, este provavelmente na festa dos tabernáculos (Lv 23.33-43), quando todo o povo deveria vir a Jerusalém.
Certamente viver em união não é uma tarefa fácil, é algo difícil de ser alcançado. Temos vários exemplos: Caim e Abel. José e seus irmãos; Miriam, Arão e Moisés; Davi e seus irmãos,
O peregrino cantou a bênção da unidade. Leiamos o Salmo 133.
O peregrino canta que a união:
I - A união dos irmãos é agradável e bonita.
O verso 1 declara o propósito temático do salmo. Sendo um hino de uso no culto público, este exalta o valor da unidade do povo de Deus no contexto do reinado teocrático de Davi.
Portanto o termo "irmãos" do verso 1 só pode se referir ao povo de Israel como um todo.
A unidade do povo é vista no fato dos peregrinos chegarem de vários lugares, diferentes tribos para um só lugar, comungando como um só povo, e adorando um só Deus, no lugar escolhido por este Deus.
A palavra hebraica para agradável é usada de vários modos que exemplificar com a harmonia da música. Como é agradável e bonita um cântico bem cantado.
Algumas pessoas têm prazer no conflito, mas como precisamos desenvolver um coração que se agrada com a unidade!
O Salmista exclama, “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” O Salmista não procura basear a comunhão e unidade dos irmãos na bondade natural deles, ou na habilidade política deles. De onde vem, então, a comunhão dos irmãos? A unidade e a comunhão dos irmãos está no fato de que juntos eles estão subindo para Jerusalém para se unir em adoração ao Único Deus.
Uma das bênçãos que Jesus conquistou na cruz para nós é a bênção da comunhão. At 2.44-47 / 4.32-35.
Somos diferentes, mas pertencemos a um mesmo corpo. Quando os cristãos convivem em unidade exalam a sua beleza e agradabilidade.
I I- A união dos irmãos manifesta o testemunho de DeusA unidade indica a unção de Deus sobre Seu povo. Sinal da presença de Deus. É deste modo que deve ser nossa comunhão com o povo de Deus. Quando os cristãos convivem juntos em unidade, que suave fragrância isto é!
O Salmista faz uma comparação especificamente entre a comunhão agradável, e o óleo de unção sobre a cabeça do Sumo Sacerdote.
Quando ele chegava, podia-se sentir esta suave fragrância. Não era ofensiva a ninguém. O óleo santificava, consagrava as pessoas a Deus.
Assim deveria ser nossa unidade: total, amando todos os que são cristãos, não importa qual possa ser sua posição na vida. Deus concede a nós por Sua graça o amor fraternal.
Nossa unidade, nossa comunhão, nosso amor fraternal é fruto da obra de Jesus em nós. Ele derramou o amor de Deus em nossos corações, para nos consagrar no serviço de adoração a Deus.
O maior testemunho de nossa fé e da presença de Deus na nossa vida em unidade amoroso.
III - A União dos irmãos traz refrigério e abundância.
O verso 3 traz uma nova e interessante figura. Como no verso 2, uma comparação é introduzida: "Como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião." A comparação não se concentra no "orvalho do Hermon," mas nos resultados do "orvalho do Hermon que desce sobre os montes de Sião".
Porque o monte Hermon é muito alto e seu cume coberto de neve, o seu pesado orvalho "rega" toda a região em volta fazendo da mesma uma área muito fértil e produtiva.
Por outro lado, Sião é a fronteira do deserto, que é símbolo de morte, de sequidão.
Mas, ainda que o norte abençoe todo o Israel, é no sul que Deus ordena a bênção. Em Sião é que estão as bênçãos espirituais para todo Israel.
Davi pode estar dizendo que quando os irmãos israelitas do norte se unem com aos irmãos do sul em Jerusalém, para adorar a Deus juntos, é como este processo climático natural.
Onde podemos achar verdadeiro amor, se não aqui no meio dos nossos irmãos? Os relacionamentos secos e rasos do mundo não trazem satisfação. Procure amor no mundo, e você ficará repetidamente decepcionado. Mas no meio do povo de Deus, devemos encontrar um amor não fingido. Fp 2.1-4
Devemos considerar o desejo de Deus e manifestar a unidade de Seu povo que é bom e agradável, que é um testemunho vivo da presença de Deus e que através desta unidade vem a bênção de Deus sobre Seu povo.
Teriam os cristãos de hoje em dia atingido este ideal bíblico de unidade?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Paixão Apostólica


O que seria a paixão apostólica?
O termo paixão pode ser usado para descrever tudo, desde um romance até as sensações mais agudas de fome. Num sentido mais direto, paixão significa tudo que uma pessoa se dispõe a sofrer por alguma coisa. É algo que ansiamos tanto que estamos dispostos a sacrificar qualquer coisa para alcançá-lo. “Morrer de amor ou por amor”.
A palavra apóstolo significa “enviado” ou “mensageiro”. Paixão apostólica é a escolha intencional e espontânea de viver para adorar e fazer Cristo conhecido em todo o mundo. Implica em estar comprometido até a morte com a proclamação do evangelho.
Temos essa paixão apostólica? Se você não estiver disposto a sofrer e sacrificar por alguma coisa, então você não tem paixão por ela. Se você diz que ama a Cristo, mas não estar disposto a sofrer e fazer sacrifício para fazer Cristo conhecido no seu trabalho, na sua rua, na sua cidade, então na verdade você não tem paixão por Ele e nem por seus propósitos.
Como obter essa paixão apostólica? É bom saber que essa paixão não vem através do 0800. Você pede e ela chega de graça. Não vem como um pedido de um lanche. Daqui a 15 minutos ela é entregue. Também não pode ser obtida através de uma oferta. Dar R$ 50,00 por ela.
Para se obter a paixão apostólica é preciso da ajuda de Deus, de buscar cultivar essa paixão. Paulo nos diz em todo capitulo 15 de Romanos que seu desejo ou paixão, era tornar Cristo conhecido. Para ele esse desejo começou na estrada de Damasco e continuou dia a dia. Ele nos diz em Romanos 15:17 que se gloriava em Jesus e no seu serviço para com Deus. No vers. 16 ele declara que era direcionado a tornar “agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo”.
O entusiasmo humano não pode sustentar a paixão apostólica. Deus investe essa paixão em nós, é identificada por nós através daquela expressão que a igreja usa para os primeiros dias do novo convertido: “fervor da conversão”. Mas para que esse fervor permaneça, e no caso daqueles que já passaram desta fase, que retorne, é necessário cultivar o que Deus nos Deus, essa paixão, então como os apóstolos teremos esse sentimento.
Quatro coisas nos ajudarão a ter a paixão apostólica:
1. Desprendimento apostólico – Mc 1:16-20 / Gl 2:19-20.
Muitos na igreja desejam ter os frutos do ministério dos apóstolos, sem, contudo, querer paga o preço que os apóstolos pagaram. Pedro, André, Tiago e João, Mateus e os demais tinham suas vidas estabelecidas, mas foram capazes de deixarem tudo para seguir a Jesus.
O apóstolo Paulo morria diariamente. Esse homem genioso e obstinado sabia que precisava morrer para o próprio eu. Sabia que, em sua carne, não podia gerar a revelação de Jesus e nem sustentar o coração de Cristo. Então ele morreu. Ele abandonou sua vida e passou a viver para Cristo.
Vivemos num mundo de paixões conflitantes. Se não enchermos a nossa vida com a ardente paixão pela adoração a Deus e pela proclamação do evangelho, acabaremos cultivando paixões por outras coisas.
A paixão apostólica morre em nossos corações quando sonhamos mais com esportes, quando sonhamos mais com lugares que não visitamos, quando sonhamos mais com o nosso sucesso profissional, do que com pessoas que adorando a Deus e reconhecendo a Cristo em sua vida.
Temos a paixão apostólica quando o nosso coração estiver cheio do desejo de Deus, que é ver seu filho adorado entre as nações.
Queremos cultivar a paixão que os apóstolos tiveram e que Deus já nos deu quando nos convertemos?
Devemos então ter o mesmo desprendimento que os apóstolos tiveram.
2. Foco apostólico – At 2:36-38 / Fl 3:13-14.
O maior inimigo da proclamação do evangelho é a falta de foco. Você pode andar de lá para cá, gastando energia em varias atividades na igreja sem dar nenhum passo em direção a proclamação do evangelho.
Tudo na igreja, cada ministério, seja a escola bíblica, a reunião das sociedades, o ministério com criança, tem de ter como principal objetivo fazer Cristo conhecido. Deus nos chamou para fazer discípulos, o chamado da igreja é fazer Cristo conhecido. Precisamos nos concentrar nisso ou estaremos sendo desobedientes.
Tudo que fazemos tem de ter como objetivo final a proclamação do evangelho. O foco dos apóstolos era apresentar Cristo e a sua mensagem, este deve ser o nosso.
Todas as nossas atividades devem ser realizadas com o propósito de fazer Cristo conhecido, isso é o testemunhar.
Pedro realizou todo o seu discurso, dirigiu toda a sua conversa para uma só saída, levar as pessoas a Cristo. Quando acabou de falar não havia outra saída para aquelas pessoas do que perguntar: como resolver a nossa situação? Então ele fez Cristo conhecido.
Paulo tinha também o mesmo objetivo. Ele tinha consciência de que Deus estava utilizando o seu ministério de maneira surpreendente. Mais ele diz que não olha para estas coisas, não porque não era importante, mais porque poderia lhe tirar do foco.
Seja qual for à atividade que você exerça você tem que ter um objetivo: fazer Cristo e o seu evangelho conhecido. Este é o seu foco.
A paixão apostólica, aquele sentimento que os apóstolos tiveram, é encontrado em nós quando cultivamos o desprendimento que eles tiveram e o foco que eles tiveram.
3. Oração apostólica – At 8:14-15 / 1Ts 5:17.
Certa vez um jovem se aproximou de David Wilkerson, fundador do desafio jovem em Nova York, entidade destinada a cuidar de drogados, e se ofereceu para ajudá-lo. Wilkerson perguntou ao jovem quanto tempo ele orava por dia. O jovem estimou que 20 minutos. Wilkerson lhe respondeu: “Volte daqui a um mês e ore duas horas por dia nestes 30 dias, e talvez eu pense na possibilidade de soltá-los nestas ruas de Nova York cheias de drogas, assassinatos, estupro, violência e perigo. Se eu o enviar agora, com seus 20 minutos de oração por dia, estaria enviando um soldado à batalha sem arma alguma, e você seria morto.”
Você pode ir para o céu sem muita oração. Você pode ter um momento de devocional de poucos minutos com Deus, Ele ainda o amará e o garantirá na Sua presença. Mais você não fará Deus conhecido entre os povos conversando com Deus apenas um minuto por dia.
Este tipo de oração não dará a você condições de sobreviver nos lugares difíceis onde Cristo não é conhecido e adorado. Você será silenciado, você será engolido.
Leia tudo o que os apóstolos escreveram sobre oração. Orar dia e noite, com lágrimas, sem cessar, com ações de graças, no espírito, com intrepidez, por tristeza segundo Deus, contra o maligno.
Observa o quanto Jesus orou. Todas as vezes que se afastou para ter um tempo com o Pai. A paixão apostólica é regada pela oração. Você não sentirá uma paixão intencional e espontânea de viver para adorar e fazer Cristo conhecido em todo o mundo, se não tiver uma vida de oração.
Por último.
4. Determinação apostólica – 1Co 1:17 / 2Tm 4:2.
Há uma grande quantidade de cristãos supernutridos mais submotivados, cristãos que conhecem a Deus, mais não se envolve ativamente em sua obra, pregar o evangelho. Estão escondidos sob a desculpa de que Deus ainda não falou com eles. Estão esperando ouvir vozes ou ter sonhos onde Deus lhe manda para fazer determinada obra.
A grande comissão, o ide e pregai dito e repetido é para quem?
A determinação apostólica começa com a paixão pela glória de Deus entre as nações, e daí vem à pergunta: Onde te servirei?
A maioria dos cristãos não sente essa paixão, e por isso nunca vão. Só escuta o “fique”. De quem estão ouvindo essa ordem?
Se você tem uma paixão apostólica então você está determinado a fazer Cristo conhecido entre os povos, então você é uma pessoa perigosa.
Por quê? Alguns motivos:
a) O mundo não governa mais o seu coração, você não é mais seduzida por seus encantos.
b) Você é um peregrino, não estar mais enraizados pelos bens e preocupações desta terra.
c) Você não teme a morte, é ousado em achar um privilégio morre por Cristo e seu evangelho.
d) Você vive satisfeito, contente em toda e qualquer situação, pois vive para Cristo e para a glória de Deus.
É por isso que você é uma pessoa perigosa. O mundo não o aceita, satanás o teme, os anjos lhe aplaude e Deus se agrada.
Quando você cultivar o desprendimento apostólico, quando você tiver o foco apostólico, quando você orar como os apóstolos e quando você tiver a mesma determinação que eles tiveram então você sentirá a mesma paixão que eles sentiram.
A questão é: quantos desejam ter essa paixão? Você quer ter essa paixão? Eu quero ter? Nós desejamos sentir essa paixão intencional e espontânea de viver para adorar e fazer Cristo conhecido em todo o mundo?
Cabe a cada um dar a resposta a essa questão.

Pr. Denilson Roque
Estudo tendo como base o livro: Paixão Apostólica, por Floyd Mcclung.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Música, os Ritmos e os Instrumentos


Terceira parte
Conselhos litúrgicos e musicais para Igreja no tempo pós-moderno

A Igreja e o repertório musical

Existe uma narrativa que explica a vida e a História. Há padrões de beleza absolutos que estão além da linguagem e refletem a grandeza e a sabedoria de Deus que criou todas as coisas. Deste modo, há música boa e música ruim num sentido ético e num sentido estético. A música que se propõe às Igrejas evangélicas da atualidade é definida pela lógica do mercado, possui mensagem diluída, aceitável a uma gama enorme de clientes, cada vez menos exigentes. As formatações e métodos dessa música não diferem nada das formatações e métodos utilizados na música secular, cujo propósito infame tem se resumido a lançar um produto atraente, vendável, de fácil acesso e impressionante.


Tenho notado que, num processo mais lento do que o acontecido nas Igrejas Renovadas, Igrejas e crentes têm utilizado a produção musical desta linha. À luz da abertura de certos precedentes, mais e mais se têm cantado em Igrejas Batistas Regulares as músicas de Aline Barros, Kleber Lucas, Cassiane e Oficina G3. Em famílias de Igrejas Batistas Regulares, no aniversário das crianças, ao invés de Romilda, ouve-se Ana Paula Valadão e Cristina Mel, que replicaram os mesmos padrões musicais que escandalizaram famílias brasileiras nos programas infantis da década 1980.


Proponho que utilizemos como fonte de repertório musical para os cultos as músicas publicadas em hinários. Os hinários são organizados por doutrina, preservam o melhor da produção hinológica de diversas épocas e revisam esta produção da perspectiva técnica de poetas, músicos, pastores e teólogos. Esta proposta não descarta necessariamente a produção musical atual contato que esta se alinhe com a qualidade aplicada aos hinários. Não se joga a água suja junto com o bebê, mas a lógica de mercado a que a música evangélica tem vilmente se sujeitado não é correta e não deve fazer parte da dinâmica de nossas Igrejas.


A Igreja e a educação musical

A opção pelo repertório publicado em forma escrita, organizada em hinários, exige um conhecimento musical que a maioria de nós não têm, inclusive os músicos. Quem de nós tem condições de cantar uma música a primeira vista apenas tendo a música escrita à frente? Quero afirmar que este conhecimento é possível, que não é algo exclusivo daqueles que querem se profissionalizar na música e que este é o conhecimento pressuposto da publicação dos hinários. Por que um editor publicaria um livro cheio de poesias sacras com a partitura alinhada à cada sílaba? Para que estas músicas sejam cantadas. E como estas músicas serão cantadas se as pessoas não souberem ler a pauta musical?


Deste modo, nossas Igrejas e nosso país necessitam de um programa sério de educação. Enquanto nossos músicos e nossos pastores apenas conseguirem aprender músicas por imitação, estaremos à mercê de uma contracultura que se representa por mídias acessíveis que carregam qualidade duvidosa. Carecemos de exemplos de boa música cristã, porque não estamos mais formando bons músicos cristãos, em música e em teologia. Usar então as mídias hodiernas que publicarão a boa música será a parte fácil.


Finale

A música é uma linguagem. Ele é composta de signos que representam significados de modo complexo e intrincado. O relacionamento da música com a Igreja e a adoração sempre foi polêmico e difícil de resolver. Parte do problema é criada, porque linguagens são dinâmicas, elas mudam com o passar do tempo à luz de uma quantidade enorme de variáveis. O problema também é criado por causa da subjetividade envolvida no assunto. Como a música tem o poder de mexer com nossas almas, quando uma música de que eu gosto é questionada ou quando uma música de que eu não gosto é utilizada, o que é primeiramente sentida é uma ofensa pessoal e não uma quebra de princípio bíblico ou doutrinário. É inevitável haver discussão, polêmicas e questionamentos e até positivo quando estas nos forçam a refletir sobre o assunto, com base em estudo bíblico e teológico, não simples divisão e promoção pessoal.


Não há, portanto, uma fórmula musical pronta, a não ser que queiramos usar o mesmo estilo musical para sempre. Se adotássemos a música da Igreja Primitiva nos nossos dias, acharíamos esta música muito estranha, inclusive inapropriada. Devemos, a cada virada de século, reformular os nossos padrões musicais, continuando a seguir os mesmos princípios bíblicos, mas contextualizando esses padrões musicais a sua época. "Como esta reformulação será feita?" – é a grande questão.


Uma orientação aqui para responder esta pergunta não realiza todo o doloroso processo, porque todo o processo envolve resolver questões que só as pessoas daquela época podem saber. As orientações, entretanto, são necessárias. Precisamos, primeiro, estudar as Escrituras para encontrar os princípios bíblicos que norteiem nossa adoração e nossa música. Segundo, precisamos de pessoas preparadas em música e teologia que formulem padrões musicais adequados e produzam boa música a partir daqueles padrões. Terceiro, devemos investir institucionalmente na educação musical e na publicação de música digna utilizando as novas mídias, mais rápidas e eficientes.


Que nos auxilie a vencer os desafios musicais e institucionais da música na Igreja!


Autor: Pr. renato Brito
Igreja Batista Regular de Novo Juazeiro

A Música, os Ritmos e os Instrumentos


Segunda Parte
Influências sobre o jovem músico

O que estas mudanças fizeram com a vida de um jovem músico das Igrejas Batistas Regulares do Brasil? Muito mais do que se pode imaginar.


Se grande parte das Igrejas Evangélicas Brasileiras estão sofrendo a influência da Renovação Carismática, estão crescendo e reformulando seus paradigmas artísticos e litúrgicos, tendo a música como principal difusora desta velha doutrina e nova prática, o jovem músico será fortemente assediado a deixar de lado os hinos tradicionais, ligados à denominação por laços institucionais e pastorais, para utilizar um novo formato musical, um novo repertório, não ditado pelas Igrejas Batistas Regulares nem pelos seus pastores, mas pela mídia evangélica.


Lembro da primeira vez que fui escolhido para ser diretor de música de um acampamento de jovens. Contava 14 anos. Mandei as letras dos cânticos para o pastor diretor de programação, tendo ensaiado com alguns amigos as músicas que iríamos ensinar naquela semana. Quando cheguei ao acampamento e vi o folder que o diretor tinha publicado, notei que nenhuma das músicas que eu tinha escolhido estava ali. "Que mal havia naquelas músicas? Todo mundo já conhecia e já estava cantando!" – racionalizei minhas escolhas mais afinadas com os novos estilos. A razão apresentada pelo pastor para mim, que agora teria que aprender todo o repertório de novo, em poucas horas, foi que as músicas que eu escolhi não tinham a ver com o nosso movimento. Imagine a frustração para aquele adolescente. Uma frustração com duas vias: a frustração de não merecer a confiança aparentemente depositada e a frustração de não atender aos anseios dos seus amigos por deixar de ter esta ou aquela música sendo cantada na programação que enfim dirige. Não fui vítima passiva de uma ordem estabelecida para me engodar, mas fiz-me vítima pelas escolhas que fiz, tentando agradar uma platéia, mais e mais acostumada com ritmos e melodias provenientes de artistas evangélicos conhecidos. Hoje, a atração que o jovem músico de nossas Igrejas sente para os atuais estilos e performances musicais é muito maior, e os estilos estão cada vez mais secularizados.


Se as grandes narrativas e as instituições perderam o valor para o homem pós-moderno e a informação tem o poder de se disponibilizar de modo mais rápido e mais opressor, o jovem músico cristão tem acesso a vídeos, músicas, partituras e cifras dos mais recentes "sucessos", antes deles serem oficialmente lançados, três anos antes de seus pastores saberem que aquele grupo musical existe.


O processo de publicação era mais lento. Alguém escrevia a letra, alguém punha uma melodia, outro harmonizava, outro editava, outro publicava, o responsável pela música aprendia (a esposa organista do pastor), o pastor ensinava, a Igreja aprendia e as famílias cantavam em casa. Hoje eu posso improvisar uma composição filmando-a no computador, carregar esta música num sítio eletrônico, ser visto por alguém passeando nas ruas de Tókio do celular deste uma hora depois e semana que vem ser uma celebridade de um programa de televisão bem assistido da TV aberta, por conta da quantidade de acessos que aquele meu vídeo tiver.


As fronteiras do mundo que vivemos estão diluídas e os padrões de espaço tempo com que nossos pais se acostumaram são outros. Penso ser definitivamente impossível conter a influência das mídias que estão aí e que vamos precisar lidar com esta influência, seja utilizando delas seja preparando cristãos com consciência crítica fundamentada nas Escrituras para contestar esta influência.


Outro problema. Se vivemos num país democrático, em que a censura artística foi abolida, e o cidadão brasileiro vive numa crescente conscientização de direitos, será cada vez mais difícil restringir o repertório musical em nossas igrejas, será mais difícil conter os levantes que reivindicam a utilização de estilos mais comerciais e será cada vez mais difícil manter as formas mais tradicionais de culto. Num país em que uma estudante é eleita como mártir pela mídia, por ter sido punida por uma instituição de ensino, em razão da vestimenta inadequada que ela utilizava, não devemos espantar a revolta de famílias, grupos da mocidade e até de líderes de nossas igrejas, quando argumentamos dos púlpitos que não podemos usar a música de certo grupo.


Lembro da visita que fiz a um jovem. Dentro da casa dele já estava um amigo seu que é membro de uma Igreja Batista Regular. Notei que este amigo estava acessando o site de um grupo evangélico musical, cuja doutrina e prática não se alinham com a sã doutrina. Em tom de brincadeira, comecei a alertar este jovem, achando que, pelo menos, chamaria este jovem a usar a consciência. A resposta dele foi esclarecedora: "Tome cuidado, pastor! Não se pode falar assim, desse jeito!".


O que interpretei desta fala foi que ele não via as heresias e os desvios comportamentais que eu via nesse grupo e que ele estava tão convencido da autenticidade do grupo que achava que eu poderia ser castigado por Deus se insistisse em falar mal de pessoas que estavam tão comprometidas. Houve um tempo em que pastores falavam e a palavra deles tinha peso de lei. Este tempo parece ter passado.


Com estas considerações iniciais proponho descrever nosso contexto histórico, tendo iniciado pela experiência pessoal. Ressalto que, na descrição destas mudanças, não estou emitindo nenhum juízo a respeito do assunto, aguardando responder as perguntas levantadas sobre essas questões no fim do processo. Neste momento, irei procurar definir a música os ritmos e esboçar uma classificação razoável dos instrumentos musicais na cultura geral e nas Escrituras. Neste momento, também irei relacionar estas três grandezas (música, ritmo e instrumentos) à realidade musical de nossas Igrejas, citando alguns conceitos teológicos pertinentes às polêmicas levantadas nestas áreas.


Vou começar cantando:





O que é música?

Música é "a arte de combinar bem os sons de modo estético e lógico". Enquanto o material do pintor é a cor e o material do escultor é a forma, o material do músico é o som relacionado ao tempo. Se compararmos as músicas produzidas de lugares diferentes, épocas diferentes, grupos sociais diferentes e pessoais diferentes, chegaremos a simples conclusão de que a música é fruto de uma série de fatores que envolvem História, cosmovisão, disponibilidade de recursos, religião, inteligência pessoal e coletiva e mais uma quantidade imensurável de variáveis. A música moderna ocidental compreendida no estilo do classicismo (1750 a 1810), utiliza doze sons diferentes, num intervalo de notas com freqüências divisíveis por dois (e.g., 440hz e 220hz), separados pelo mesmo intervalo sonoro, o semitom. A música turca, para citar um dos exemplos mais esdrúxulos, divide um tom inteiro em quatro partes, mas não por igual, e os turcos conseguem cantar aquela divisão precisamente.


A música que acabamos de cantar está um pouco distante da nossa realidade. Ela foi escrita nos primeiros anos da Reforma Luterana, num tempo que não havia a marcação de tempo das músicas que as nossas Igrejas estão acostumadas a ouvir e a cantar. Antes, especialmente na música eclesiástica, não se contava Um-dois-três-quatro, acentuando um tempo forte, que hoje é considerado um movimento compatível ao ritmo natural do nosso corpo, o ritmo das batidas do nosso coração. Não nego que haja músicas que agridem o nosso ritmo natural, mas afirmo que a nossa música estritamente marcada seria considerada mundana para a maior parte dos cristãos dos primeiros anos da Reforma, no século XVI. Qualquer marcação rítmica estava ligada ao corpo e o corpo, como também entendemos, não tem primazia no ato de adoração, apesar de estar naturalmente e não pecaminosamente envolvido nele. Posso afirmar, portanto, que o ritmo, a marcação do compasso, foi sacralizada lentamente, através dos séculos, e até considerada uma expressão da alegria cristã.


Os primeiros missionários congregacionais no Brasil, Robert e Sarah Kalley, responsáveis pela publicação do primeiro Hinário, o Salmos e Hinos, tiveram grande preocupação em fazer com que o povo cantasse num ritmo mais marcado, em contraste ao canto das ladainhas e dos benditos próprios da cultura tradicional católica no Brasil. Eles se ressentiam de não terem alcançado o ritmo adequado dos hinos da reforma, mesmo tendo iniciado aulas de música na Escola Dominical com este fim.


Os elementos da música e sua relação com a adoração

Os teóricos da música dividem a música em seis elementos formadores: melodia, harmonia, ritmo, textura, timbre e forma. Esses elementos se fundem e são organizados de um determinado modo para constituir o que chamamos estilo musical. De acordo com Roy Bennet, às vezes um elemento se sobrepõe a outro num determinado estilo musical ou até se ausenta, deliberadamente ou não, mas geralmente todos os estilos musicais, independente do tempo, do lugar e da cultura em que foram criados, possuem uma combinação dos seis elementos, determinada pela mente, pela experiência, pelos sentimentos e pelas escolhas dos compositores.


Melodia

A melodia é uma sucessão de notas tocadas em tempos diferentes que formam, na maior parte das vezes, a idéia principal de uma composição. Mesmo que haja uma grande variedade de sons tocados ao mesmo tempo por instrumentos diversos, haverá sempre uma linha de pensamento musical que guia a peça, colocada de modo geral na voz mais aguda. Mesmo que se ouça um coral cantando a quatro vozes o hino Castelo Forte, acompanhado por um grupo instrumental, ainda se destacará o que chamamos melodia.


Ritmo

O ritmo é o tempo em que a música vai, a pulsação marcada dos sons ou silêncios que uma música tem. Dá-se o nome ritmo às células temporais que definem o movimento de um estilo, como o ritmo da valsa, da polca, do bolero, do tango, do samba, etc. Deve-se dizer, entretanto, que o ritmo é, tecnicamente, a batida que regula aquele estilo. Isto quer dizer que um estilo musical não é constituído apenas com o seu ritmo, mas que o ritmo é apenas um de seus componentes. O estilo musical brasileiro chamado chorinho possui o ritmo do samba canção; uma melodia complexa e instrumental; os timbres de um violão de sete cordas, de um violão de seis cordas, de um pandeiro, de um cavaquinho e de uma flauta transversa; uma estrutura conhecida por rondó; preferências por acordes mais fortes e um rigoroso entrelaçamento destes componentes.


Harmonia

Além do ritmo, compõe um estilo musical a harmonia. Este elemento é construído com a combinação de notas tocadas ao mesmo tempo. Estas combinações têm nomes próprios e possuem funções muito bem definidas na harmonia da música moderna, a música do período Barroco (1600) até o período do Romantismo (1910). Podemos afirmar que a harmonia é o pano de fundo da melodia, podendo mudar o ambiente conforme as intenções do compositor. De modo geral, a harmonia que utilizamos é bem tradicional e bem simples, por influência da música popular de massa e pelo conhecimento acentuado que temos dos hinos de um período histórico da música sacra congregacional, que vai de 1850 a 1910, quando os compositores de hinos preferiram usar harmonias menos intrincadas.


Timbre

O timbre é a cor do som. Mesmo que dois instrumentos musicais toquem a nota dó, nosso ouvido saberá diferenciar as particularidades deste mesmo som tocado por dois corpos diferentes que emitem sons por processos diferentes, mas que possuem a mesma freqüência. É possível afirmar que o timbre influi no significado da música. Quando um compositor deseja colocar o canto de um pássaro dentro de uma sinfonia, ele não utiliza o som de um contrabaixo, mesmo que o contrabaixo tenha condições de produzir um som numa altura relativamente aguda. O compositor vai preferir utilizar o som de uma flauta. Deste modo, podemos considerar que haverá certos instrumentos musicais, com o som bem característico, associados fortemente a um estilo musical, que não serão apropriados para adoração em nossas Igrejas, porque farão com que nossos adoradores brasileiros associem o som daquele instrumento com aquele estilo musical que representa um estilo de vida ou uma ideologia ou um comportamento ou uma religião contrária ao cristianismo reformado e congregacional. Posso citar dois exemplos para nossa época e para nosso povo: o berimbau e a cuíca. O primeiro está entranhado da capoeira e das religiões afro-brasileiras e o segundo, no seu timbre, está associado com brincadeira, a descontração e a sensualidade do samba.


Por outro lado, há instrumentos musicais extremamente ecléticos, por causa do seu uso e por causa da variedade de possibilidades sonoras que ele possui. O piano é um bom exemplo dessa versatilidade. Este instrumento tem 88 notas que podem ser tocadas em extrema variação de dinâmica, tempo, fraseado, técnicas e colocação, enquanto o berimbau, mesmo que tenha sido mostrado por muitos percussionistas a capacidade relativa do berimbau, este instrumento só tem uma corda só. Com o piano é possível tocar desde Johann Sebastian Bach até Naná Vasconcelos.


Forma e Textura

Outro elemento da música é a forma, o modo como uma música se organiza, ou seja, a sua estrutura. Se tudo na música for repetição, ela será monótona; se tudo for sempre novo, a música será ilógico e difícil de acompanhar. O hino que começamos a aprender tem a estrutura AAB, isto é, as duas primeiras frases musicais são as mesmas. Quando aquelas frases estão bem estabelecidas o autor muda para uma frase diferente que possui um final ligeiramente parecido com o final das duas primeiras frases. Os compositores costumam entender as formas musicais em que os outros compositores escreveram suas músicas e produzem obras com as mesmas formas. Alguém que queira compor música erudita hoje estudará as formas musicais conhecidas como sonata, sinfonia, suíte, fuga, variação, etc. Cada uma dessas formas musicais tem uma estrutura definida e, em determinadas épocas, são compostas num determinado estilo.


Geralmente ouve-se que Martinho Lutero utilizou músicas que eram cantadas em bares para colocar letras cristãs, tornando estas músicas mais acessíveis para o povo da Igreja. Um exame mais criterioso do método luterano de difusão da doutrina cristã através da música esclarecerá que o que Lutero utilizou foi uma forma de canção simples e umas poucas melodias folclóricas que nada tinham a ver com o pretenso mundanismo da afirmação. Ainda que tenha usado a forma, a estrutura, não utilizou o estilo e se aliou a grandes poetas e músicos do seu tempo como Josquin De Préz para publicar o hinário em que trabalhou. As músicas "Garota de Ipanema", de Tom Jobim e "Logo de Manhã" de Aristeu Pires tem a mesma forma, mas estilos completamente diferentes.


Textura é o elemento musical do arranjo, isto é, como estes elementos são entrelaçados.


Os Estilos Musicais e Algumas Polêmicas

A música que cantamos ("Eis que uma Rosa Surge") deu preferência à melodia. Ela possui uma marcação de tempo, mas esta marcação está diluída em favor da expressão melódica. Muitos livros que tratam de como a música deve ser utilizada na Igreja defendem este desequilíbrio, uma música mais melódica que rítmica. Noto, porém, que a música eminentemente melódica, sem acentuação rítmica, para maioria de nós, é estranha e até desagradável, por causa da música que nossa cultura tem produzido por séculos, por causa do estilo de vida moderno, sempre regulado por um tempo preciso e por causa da associação natural que fazemos entre o tempo marcado e a alegria. Aliás, quando estamos felizes, falamos mais rápido, usamos sons mais agudos e saltamos sonoramente com nossas palavras.


Outro fator muito importante na construção rítmica da nossa música é o fato de que somos brasileiros. Isso mesmo! Somos brasileiros. Estamos imersos numa cultura que possui uma variedade rítmica enorme, tanto de ritmos diferentes quando de instrumentos percussivos variados. No Brasil, para citar ritmos eminentemente brasileiros temos o samba , o xaxado, o batuque, o maracatu, o lundu, o carimbó, o xote, o baião, o forró, o frevo, a bossa-nova, a catira, a embolada, o axé, para citar apenas alguns deles, lembrando que estes ritmos e os estilos que eles acompanham têm uma série de vertentes e nuances regionais. Por exemplo, o maracatu cearense não é o mesmo ritmo do maracatu de Recife. Não estou afirmando que estes ritmos e seus estilos são corretos, estou afirmando que nós, como pastores não podemos tratá-los como se eles não existissem e devemos procurar responder à pertinente pergunta: "posso usar estes ritmos e estilos na adoração em Igrejas Batistas Regulares Brasileiras?"


Simplesmente afirmar, como alguns dos nossos livros e pastores afirmam, que eles não são apropriados, porque possuem uma síncope regular e a síncope regular é sensual, não é suficiente. Há muitas músicas da cultura erudita ocidental que possuem síncope regular e recorrente que, no meu ver, não são sensuais. É preciso formular uma análise mais criteriosa que leve em consideração todos os elementos musicais daquele estilo, a cosmovisão que o gerou, o contexto histórico, a situação social e antropológica.


Considero o rock'n'roll uma música inapropriada para o culto cristão por causa da síncope regular recorrente aliada a outros usos dos elementos musicais, que criam um estilo musical representante de uma visão de mundo não cristã. A visão de mundo do rock'n'roll é anarquista, é a favor da Revolução Sexual, projeta-se como uma opção aos valores cristãos, valores dentre os quais podemos citar: moral estabelecida e absoluta, primazia da família, autoridade divinamente instituída e diversão com responsabilidade. Para negar estes valores o rock utiliza as síncopes com que o ouvido Europeu está menos acostumado, como uma agressão ao ritmo ditado pelas obrigações de horário da fábrica da sociedade industrial e como um recurso para tornar a música excentricamente dançante. Para negar os valores cristãos, o rock introduz timbres ásperos na instrumentação, como os timbres das guitarras com distorção, as percussões fortíssimas do conjunto de bateria. Para negar os valores cristãos, o rock utiliza uma performance que visa enaltecer o homem e não Deus ou a arte, uma vez que o principal músico do conjunto, vocalista ou guitarrista, é sempre destacado pelas loucuras que faz, pela iluminação, pelo virtuosismo com que participa da apresentação.

Os instrumentos musicais

Já afirmei que o timbre de um instrumento musical possui significado. Dependendo do som que o instrumento produz, resultado da constituição do instrumento, do modo como a caixa de ressonância do instrumento faz o som do instrumento reverberar, o instrumento musical é classificado. Grosso modo, os instrumentos podem ser classificados no seguinte:


Cordofônicos – os que produzem som através da vibração de cordas, friccionadas, dedilhadas ou percutidas, cujos exemplos são o violino, o violão e o piano;

Aerofônicos – os que produzem som através da alteração de uma coluna de ar, cujo exemplo é os instrumentos de sopro, como as flautas e o órgão de tubos;

Idiofônicos – os que produzem som pela vibração de seus próprios corpos, não possuindo uma caixa de ressonância responsável por ampliar a vibração de outra parte do instrumento, cujo exemplo é os instrumentos de percussão, como os tambores, os sinos e o xilofone.

A utilização de instrumentos musicais depende de uma série de fatos. Depende do período histórico em que aflorou o uso daquele instrumento. A família das cordas, violino, viola, violoncelo e contrabaixo, instrumentos cordofônicos, são muito encontrados no período barroco (1600-1750), quando na Itália, famílias de artesãos passaram a construir estes instrumentos de modo mais técnico e eficiente. O período clássico (1750-1810) e o período romântico (1810-1917) viu crescer o uso dos instrumentos aerofônicos de metal como a flauta transversa, o trompete, o trombone e a tuba. A música moderna ou contemporânea (desde 1917) viu crescer a utilização dos instrumentos de percussão, os idiofônicos, por conta da busca dos compositores brasileiros por novos sons e possibilidades que não lembrassem o tradicionalismo dos períodos anteriores. Isto não quer dizer que os todos os tipos de instrumento não foram usados em todos os períodos, mas que o estilo e a formação do compositor influenciavam muito na escolha dos instrumentos.


Pensando na música da Igreja, a utilização de qualquer instrumento musical dependerá do estilo musical a ser adotado na Igreja. A polêmica da introdução da bateria, de outras percussões, da guitarra elétrica e do baixo elétrico, bem como do modo pelo qual estes instrumentos são utilizados, depende mais do estilo do que da introdução do instrumento musical em si. Como a bateria é utilizada num estilo musical não cristão, costumamos demonizá-la como se o instrumento em si pudesse desvirtuar a adoração cristã. A bateria ou um conjunto percussivo executado por um instrumentista pode ser utilizado em qualquer estilo musical, dos mais refinados aos mais populares. Deste modo, com o músico certo e o arranjo certo, um conjunto percussivo poderia ser usado em nossas igrejas sem impor nenhum estilo mundano aos nossos cultos.


Apesar de reconhecer isso como músico cristão, como batista regular penso que esta prática ainda criará mais problemas do que soluções. Lembro de que um músico muito bom da nossa Igreja me perguntou certa vez: "Quando nossa Igreja vai utilizar uma bateriazinha, hein pastor?". Minha resposta foi categórica: "Quando eu sair".


Sei por que respondi aquilo, depois de ter esboçado a opinião acima. A razão é simples. Quando a utilização de um instrumento musical for um item da implantação de um estilo musical mundano, o instrumento não deve ser utilizado. Na maior parte dos casos, quando a guitarra elétrica e a bateria foram utilizadas nas Igrejas Batistas Regulares que se renovaram da década de 1980 e 1990, foi para tocar rock'n'roll. Minha interpretação da pergunta do rapaz da minha Igreja foi essa. Uma opção plausível para introdução dos instrumentos percussivos em Igrejas de orientação fundamentalista seria as vias de estilos musicais mais sérios, ordenados e compatíveis com a formalidade do culto cristão.


Introduzir qualquer instrumento musical ao culto cristão não é obrigatório nem é condição sine qua non para adoração com cântico. Os proponentes do Princípio Regulador do Culto, herdeiro da tradição litúrgica originada em Calvino, defendem que os instrumentos musicais são proibidos no culto cristão, por fazerem parte da lei cerimonial da Antiga Aliança. Penso não ser possível defender esta posição, por causa da interpretação errônea empregada por esses teólogos de algumas passagens do Novo Testamento, alinhado pela chave hermenêutica da Teologia da Aliança. Para mim, a presença de instrumentos musicais no Apocalipse evidencia que o uso de instrumentos musicais no culto está além das fronteiras do Templo de Sombras, uma vez que eles estão presentes no Templo Celestial, de que o das Sombras é apenas figura.


Apesar disso, a adoração da Nova Aliança, a que deve ser realizada em espírito e em verdade, não deve utilizar estes recursos materiais como fonte de motivação, porque única e grande motivação é o Senhor que está sendo adorado. Achamos que um culto sem acompanhamento instrumental é desanimado. O que deveria animar o culto cristão não é o instrumento musical, mas a presença de Deus.


Utor: Pr. Renato Brito
Igreja Batista Regular de Juazeiro do Norte

terça-feira, 1 de junho de 2010

A Música, Os Ritmos e Os Instrumentos


Primeira parte

Fui criado numa Igreja Batista Regular na periferia da grande Belém, no município de Ananindeua, Estado do Pará. Não era filho de pastor nem fiz parte de uma família envolvida com a Igreja, mas de um lar de pessoas que tinham conhecimento bíblico e sofreu com um divórcio e o afastamento dos padrões bíblicos para família. Aos sete anos fiz minha decisão para servir a Cristo, aos 10 fui batizado, aos 14 entendi que Deus me estava chamando para o ministério e aos 19 ingressei como aluno do Seminário Batista do Cariri, escola da qual hoje sou professor. Assisti na família, na Igreja e no movimento Batista Regular a mudanças profundas que têm muito a ver com a palestra a que fui desafiado participar neste sábado, confiante em Deus que poderei tratar o assunto com o mínimo de propriedade, atendendo a algumas expectativas que a mim foram confiadas.


Na infância, ao andar sozinho de casa para a Igreja, uma caminhada de quase um quilômetro, sentia-me feliz, ao galgar os poucos metros que acessavam a entrada do templo até o segundo banco onde costumava sentar, ouvindo os acordes e a melodia do hino preferido da organista e minha primeira professora de música, a missionária Noemi Miranda dos Santos. Ela tocava "Tempo de ser Santo, tu deves tomar" e aquela música era como o som do céu, como se não houvesse mais um mundo cheio de pecado, como se houvesse esperança para um menino cheio de angústias e tantas questões insolúveis dentro d'alma. Ainda posso, ao fechar os olhos, ouvir o som daquela música, diferente de toda minha experiência pessoal, além de mim e inteiramente nova, um novo cântico, uma nova canção.


Naquele tempo, fim da década de 1980, nossa Igreja utilizava eminentemente o Cantor Cristão para adoração com música, apenas um órgão eletrônico acompanhava os hinos e alguns irmãos tocavam violão que acompanhava especiais individuais ou as programações da mocidade. Utilizávamos a música de algumas outras fontes. Tínhamos o Cânticos Alegres e o Melodias de Maranata, publicações da Editora Batista Regular; conhecíamos hinos da Harpa Cristã, hinos do Melodias de Vitória e canções de que não sabíamos a procedência.


Tive uma experiência musical naquela Igreja e entre as Igrejas Batistas Regulares do Estado do Pará muito intensa. Lembro que aprendi aos onze anos a tocar órgão e aos treze já acompanhava os hinos; aos quatorze cantava tenor no coral as relativamente complicadas cantatas de John W. Peterson e com a mesma idade tive aulas particulares de violão; aos dezesseis comecei a reger corais e, antes disso, já dirigia os hinos e cânticos congregacionais. Antes de sair daquela Igreja para vir ao Seminário, comecei a compor e algumas músicas minhas aquela Igreja e movimento conhecem. Toda base do meu aprendizado musical se deu naquela Igreja e não estaria falando sobre o assunto se não fosse aquele aprendizado.


Lembro como cheguei a fazer parte de um quarteto vocal na Igreja. Era composto do pastor e a esposa dele, da missionária e eu. Podíamos ensaiar, à primeira vista, um hino depois da EBD e o mesmo ficar pronto para o culto à noite. Isto não demonstra o talento dos seus componentes, mas a cultura musical que uma Igreja tradicional podia ter antes das mudanças. Cantar a quatro vozes não é fácil. Exige leitura, percepção e experiência musical. A esposa do pastor e ele costumavam disputar quem conhecia mais hinos. Só valiam para disputa os hinos cantados sem erros e que tivessem a letra memorizada. Quantos casais das nossas Igrejas podem fazer isso hoje? Quantos quartetos a quatro vozes há em nosso movimento? Quantos corais locais podem ensaiar cantatas de John Peterson e quantos regentes existem em nossas Igrejas que tenham condições de digerir esse repertório, sendo aptos para transmiti-lo a grupos vocais formados em nossas Igrejas?


Na Igreja em que trabalho hoje como ministro de música, a Igreja Batista Regular do Novo Juazeiro, privilegiada por uma boa estrutura eclesiástica, que inclui um programa de educação musical, e privilegiada pela presença de bons músicos, o acompanhamento instrumental é feito por um piano, dois violões, um baixo elétrico, duas flautas doces e uma flauta transversa nos domingos à noite. A congregação não é mais dirigida por um só regente, mas por um grupo de louvor. Insistimos em cantar músicas do Cantor Cristão, mas achamos importante utilizar músicas publicadas em hinários mais recentes, como o Hinário para o Culto Cristão e o Voz de Melodia. Utilizamos também músicas provenientes de grupos musicais e cantores evangélicos que surgiram no fim do século passado, acreditando que estas músicas não ferem os princípios bíblicos da adoração que honra a Deus nem pelo conteúdo que estas músicas possuem nem pela forma com que estas músicas são tocadas, considerando o estilo destas músicas, a nossa interpretação delas e as pessoas que produziram originalmente estas músicas.


Apesar disso, reconheço que muitas músicas que utilizamos em nossa Igreja Batista Regular hoje seriam proibidas na minha Igreja Batista Regular de ontem. Reconheço que o baixo elétrico comprado recentemente por nossa Igreja, a sugestão do ministro de música, não seria aceito nas nossas reuniões de adoração. Ainda assim considerado não estar errada a decisão da Igreja de usar esta formação musical e este repertório. A pergunta que se insurge é óbvia: Por quê? Estávamos errados antes e agora estamos certos? Estávamos certos antes e agora estamos errados tendo sofrido um processo de mundanização O que mudou nestes 20 anos de História que faz com que uma Igreja tradicional escolha mudar um pouco a roupagem da sua música, entendo que certo padrão musical, considerado errado num dado momento, passe a ser considerado correto num outro momento?


Gostaria de defender que, nestes 20 anos, houve drásticas mudanças no cenário mundial, nacional e evangélico. Um entendimento da música e dos instrumentos, tanto na cultura geral como nas Escrituras nos esclarecerá que as escolhas que nos levaram a uma abertura nas Igrejas tradicionais para um novo repertório e para a utilização de novos instrumentos musicais não foram erradas. Além disso, um posicionamento mais equilibrado da música na Igreja, ainda que seja um posicionamento mais difícil, isto é, um posicionamento que leva em consideração as mudanças culturas, fazendo certas concessões artísticas, sem abrir as portas da Igreja para a entrada do pecado dentro do culto cristão, é o posicionamento que melhor se alinha com os dados bíblicos e a utilização adequada da música, dos ritmos e dos instrumentos musicais na Igreja de Deus


As mudanças

No início da década de 1990, o movimento Batista Regular no estado do Pará sofreu varredura da auto denominada Renovação Carismática. A terceira onda atingiu todas as denominações tradicionais pentecostais e não pentecostais gerando dois tipos novos de evangélicos: os neo-evangélicos e os neo-pentecostais.


Os primeiros são os evangélicos que não tem uma postura rigorosa com respeito da fé e da prática cristã, envolvendo-se nos programas de crescimento da Igreja. Os neo-evangélicos podem se envolver com evangelho social, ecumenismo e tentam contextualizar a sua mensagem, buscando uma atualização do discurso e da conduta.


Os neo-pentecostais são mais espiritualistas. Estão envolvidos com os pressupostos da doutrina pentecostal, mas dispensam o legalismo comportamental próprio das denominações pentecostais tradicionais como Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil e Igreja do Evangelho Quadrangular. Os neo-pentecostais têm a tendência de retornar a simbologia do Antigo Testamento na liturgia e utilizam óleo, água, datas festivas, etc. Estes dois grupos dissidentes das Igrejas evangélicas tradicionais fizeram uma grande transformação na música e na forma de culto de grande parte das Igrejas Cristãs Brasileiras e o produto musical destes grupos não limitados a fronteiras institucionais é a maior preocupação deste opúsculo.


Duas outras fortes mudanças aconteceram nos fins dos 1980 e os inícios dos 1990. A primeira global e a segunda nacional. Em 1991, de acordo com a análise do historiador Erick Hobsbawm, encerrou-se o breve século XX, cujo início se deu em 1914. De acordo com este historiador, que traça os ciclos históricos através da categorização interpretativa, o século XX começou com a Primeira Guerra mundial em 1914 e terminou com o fim da União Soviética em 1991.


O século XX foi marcado por guerras nunca vistas e pela partição do mundo em dois grandes blocos econômicos, políticos e ideológicos: o bloco comunista e o bloco capitalista. Tudo poderia ser explicado pela atração ou repulsa destes dois grandes pólos que viveram sempre em intenso conflito, ainda que não fosse armado. Quem resolve melhor seus problemas sociais? Quem alcança maior avanço tecnológico? Quem espalha por mais países do mundo a sua influência? Quem chega primeiro a Lua? Estas eram as perguntas recorrentes do século XX feitas às nações e aos principais líderes do século: os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Soviéticas. Deste modo, havia duas maneiras de se explicar a vida, relativamente simples e bem resolvidas para os seus proponentes. Ou cristão ou ateu, ou individualista ou corporativista, ou democrático ou totalitário, ou capitalista ou socialista, ou vários ou um partido, ou azul ou vermelho, ou direita ou esquerda, bem como outras opções dualistas eram dadas ao cidadão do século XX.


Quando o bloco comunista ruiu e o ideal estadunidense se mostrou impossível de ser alcançado pelos países que a ele se alinharam, as grandes ideologias caíram em descrédito. Com esta queda, tudo que a estas ideologias estava equivocadamente relacionado também caiu em descrédito. Surge então a chamada pós-modernidade, caracterizada pela globalização, pela descrença nas grandes narrativas e instituições tradicionais, pela elevação do sujeito-indivíduo como fonte da verdade, pela filosofia pós-estruturalista que explica a realidade pelas relações da linguagem, pela elevação das ciências e mecanismos de informação e valorização da imagem em detrimento da essência, da oralidade e da escrita.


A pós-modernidade tem relação direta com a música evangélica dos nossos dias, 20 anos após o nascimento da pós-modernidade, como destaca MENDONÇA:


Os sinais da pós-modernidade, percebidos nas mais distintas áreas da sociedade, também se revelam no campo religioso, mais precisamente na moderna canção religiosa, a canção gospel, a qual, se ainda permanece como grande divulgadora da mensagem religiosa tradicional, também expressa uma integração cada vez maior não somente aos estilos musicais populares mais atuais como também aos modelos de performance vocal e visual e às estratégias de marketing consolidadas pela indústria da música popular.


Mídia impressa, internet, programas de rádio e TV, enfim, os veículos de comunicação de uma forma geral, têm sido utilizados pelos evangélicos para a divulgação da música gospel. Um olhar mais atento pode perceber que a integração dos músicos cristãos na modernidade, em especial, dos músicos neopentecostais, tem sido marcada pela adoção de gêneros musicais de sucesso popular, como o funk, o reggae, o forró, o pagode. Esses estilos são introduzidos pela renovação musical cristã, que se sustenta tanto na sacralização de gêneros musicais nacionais quanto nas tendências musicais populares de massa, estrangeiras ou não, em um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o pluralismo da sociedade pós-moderna.


A mudança nacional aconteceu na consolidação do processo democrático, que pôs fim a um período de 26 anos de ditadura militar, cuja principal justificativa era conter a ameaça comunista no Brasil. Em 1989, foi eleito o primeiro presidente da República do Brasil por voto direto desde 1964, depois de ter sido promulgada a Constituição de 1988, que dava plenos direitos de liberdade política e religiosa aos cidadãos brasileiros, não importando as matizes de raça, cor, sexo e classe social. A década de 1990 conheceu um crescimento sem precedentes dos que se denominam evangélicos. Entre 1996 a 2007, só os evangélicos pentecostais passaram de 11% para 17% da população brasileira. Além desses novos tons no quadro nacional, houve na década de 1990 a ascensão da economia neoliberal no Brasil, que se evidenciou de modo mais contundente na privatização de empresas estatais e na maior abertura para comercialização de produtos importados no Brasil.

Autor: Pr. Carlos Renato / Igreja Batista Regular de Novo Juazeiro
Material apresentado na Primeira Clínica para pastores em Fortaleza – CE, dia 15 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Uma Ligeira Visita à Cabana


Uma tragédia terrivel, um encontro com Deus, e uma vida transformada. Este é o enredo de A Cabana, o livro que atualmente está sendo um dos mais vendidos—e mais lidos—do Brasil. Por mais impressionante que seja o sucesso nacional do livro, mais impressionante ainda é a sua trajetória ao sucesso mundial.
Ao princípio o autor William P. Young nem pensou em publicar A Cabana. Tratava-se apenas de um presente para seus filhos e amigos, explicando a sua teologia e relacionamento com Deus. A sua família o convenceu a publicar o livro, e, depois de ser rejeitado por muitas editoras, ele formou sua própria empresa. Dali virou um best seller internacional.
Elogios do livro vem de todos os lados. O cantor evangélico Michael W. Smith diz “Se você tiver que escolher apenas um livro de ficção para ler este ano, leia A Cabana.” Mais impressionante ainda é a recomendação do teólogo Eugene Peterson, que na capa da versão em inglês, afirma que “este livro tem o potencial de fazer para nossa geração o que O Peregrino de John Bunyan fez para a dele. É tão bom assim!”
Será que estamos tratando aqui de um novo clássico da literatura cristã? Ou será que a popularidade do livro deve ao fato que reflete a filosofia pós-moderna dos dias de hoje?
Antes de examinar alguns trechos salientes do livro, vamos falar, resumidamente, do roteiro.
A Cabana é a história de Mackenzie (chamado pelo apelido de “Mack”), homem que venceu um triste passado para criar uma família amorosa e aparentemente bem-sucedida. De repente ele sofre uma tragédia terrível—a sua filha mais nova é sequestrada, estrupada, e morta. Nem o corpo, nem o assassino são encontrados, mas a evidência achada numa cabana situada numa montanha remota deixa claro o que aconteceu.
O mundo do Mack vira de cabeça para baixo. Ele tenta resolver as suas emoções por si só, mas tanto ele quanto a sua famíla sofrem. Um dia ele recebe uma carta misteriosa, convidando-o a comparaçer à cabana. A carta é assinada “Papai”, que ele entende ser Deus.
Tomado por curiosidade, o Mac faz a dolorosa viajem até a cabana onde a sua filha fora morta. Alí ele encontra a Trindade: Deus Pai—na forma de uma mulher africana, Deus Filho—na forma de um homem judeu, e Deus Espírito—apresentado como uma mulher asiática que se chama Sarayu.
A maior parte do livro é dedicada à conversa entre Mac e essas três “pessoas”. Eles falam da existência do mal, o caráter e plano de Deus, e o relacionamento entre Deus e o homem.
Young escreve muito bem, e sabe mexer com as emoções do leitor. Mais de uma vez me encontrei com lágrimas ao ler certos trechos do livro. Infelizmente, creio que muitos leitores irão se deixar a serem levados pelas emoções, ao ponto de ignorarem problemas sérios com a teologia apresentada no livro.
E não se enganem, A Cabana é, acima de tudo, um livro de teologia. Pode ser ficção, a imaginação de um homem quanto à pessoa de Deus, mas nem por isso deixe de comunicar uma menságem teológica. Sendo assim, é preciso avaliar A Cabana como qualquer outra obra teológica.
Entre todos os problemas teológicos que existem no livro (e são muitos) quero destacar três que são, na minha opinião, fatais.
A Palavra de Deus
A versão em inglês contem a seguinte frase na página 67:
“A voz de Deus fora reduzida a papel, e mesmo aquele papel precisava ser moderado e decifrado pelas autoridades apropriadas.” (tradução minha)
Não sei porque essa frase não aparece na versão na lingua portuguesa (devia aparecer na página 59), porem ela demonstra a atitude do autor quanto às Sagradas Escrituras. São apenas uma representação imperfeita e seca da voz de Deus, e—o que é pior—são interpretadas por autoridades que querem impor controle.
Comparem com que a Bíblia diz a respeito de se mesma:
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:12)
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça,” (II Timóteo 3:16)
“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.” (Mateus 5:18)
Outro trecho revelador encontra-se na página 185. Mack está conversando esta vez com Sarayu, e ela afirma:
“Você pode me ver numa obra de arte, na música, no silêncio, nas pessoas, na Criação, mesmo na sua alegria e na sua tristeza. Minha capacidade de me comunicar é ilimitada, vivendo e transformando, e tudo isso sempre estará sintonizado com a bondade e o amor de Papai. E você irá me ouvir e me ver na Bíblia de modos novos. Simplesmente não procure regras e princípios. Procure o relacionamento: um modo de estar conosco.”
Aqui Young coloca a revelação geral no mesmo nivel que a revelação especial. É claro que Deus se revela através da Criação, (Salmo 19) e é possível ver a sua graça comum nas obras de arte e música (Mateus 5:45). Porem a Bíblia é bem clara quanto a necessidade e natureza da revelação especial. (Romanos 10:17)
A implicação clara destes trechos—e outros espalhados pelo livro—é que se alguem tiver o impulso de avaliar o que está sendo ensinado no livro ele está culpado de “reduzir a voz de Deus ao Papel” e “procruar regras e princípios”.
Aqui está uma boa regra para todo cristão lembrar quando confrontado com qualquer obra deste tipo: quando o autor tenta subestimar a Palavra de Deus, é porque sabe que seus ensinamentos não vão resistir a luz clara da Verdade.
A Pessoa de Deus
Uma área importantissimo onde A Cabana não resiste essa “luz clara da Verdade” é na sua apresentação da pessoa de Deus. Ausente é qualquer referência à sua majestade, sua grandeza, seu poder. Deus é uma “Tia Nastácia” celestial que só quer nos abraçar e consolar. Veja o momento em que Mack se encontra com Deus Pai—ou seja, “Papai”:
“Com uma velocidade supreendente para o seu tamanho, a mulher atravessou a distância entre os dois e o engolfou nos braços, levantando-o do chão e girando-o como se ele fosse uma criança pequena. E o tempo todo gritava o seu nome, Mackenzie Allen Phillips, com o ardor de alguém que reencontrasse um parente amado há muito perdido. Por fim colocou-o de volta no chão e, com as mãos nos ombros dele, empurrou-o para trás, como se quisesse vê-lo bem.”
Isso tem algo a ver com os encontros com Deus que vemos na Bíblia? Isaías, por exemplo:
“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Serafins estavam por cima dele...E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; Toda a terra está cheia da sua glória...Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” (Isaias 6:1-3)
Moisés, os discípulos presentes na transfiguração, Paulo—todos tiverem reações de grande temor e tremor ao deparar-se com a glória de Deus. Esta reação está completamente ausente de A Cabana.
Outro ponto pertubador: o simples fato de apresentar dois terços da Trindade como mulheres indica a forte aversão que o autor tem a cerca de qualquer autoridade divina. Mesmo no final, quando Deus Pai aparece ao Mack como homem ele faz questão de colocar um rabo de cavalo. Deus, na sua forma mais masculino, é para Young pouco mais do que um hippie.
De fato, um dos sub-temas mais importantes do livro é o conceito de Pai. O autor apresenta em detalhes o abuso que Mack levou às mãos de seu pai, e a vingánça que tomou dele. Quando você ouvir o testemunho do próprio Young, tudo fica mais claro: isso tudo reflete os sentimentos que ele tem para com seu próprio pai. Mas em vez de apresentar uma visão bíblica e consoladora de Deus como “Pai dos órfãos”, ele apresenta Deus como Mãe...ou no máximo um Pai sem qualquer potência.
Assim, o Young não faz nenhum favor aos milhares de pessoas que precisam desesperadamente saber como Deus pode ser um Pai para eles.
A Propiciação de Deus
Quem não tem um conceito correto quanto a pessoa de Deus dificilmente vai acertar na natureza de sua obra. Veja o seguinte trecho, mais uma vez na voz do “Papai”:
“Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro. Meu objetivo não é castigar. Minha alegria é curar.” (página 109)
Veja como a visão de Deus como “bonzinho” (ou seja, boazinha) influencia a doutrina da salvação. Um “Deus de amor” certamente não vai castigar ninguem.
Deus é amor. A Bíblia afirma isso claramente. Deus tambem é justiça. A justiça de Deus exige que sua lei seja cumprida, e quem violar esta lei seja punido.
Pergunta: Como podemos reconciliar o amor de Deus para com a sua criação com a sua justiça?
Resposta: Jesus.
“Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.” (Romanos 5:8)
Vejam bem: Na cruz de Cristo a justiça de Deus e o amor de Deus foram perfeitamente reconciliados. Se Deus não precisasse castigar o pecado, a morte de Cristo seria totalmente sem sentido.
E é aqui que temos—na minha opinião—o erro mais grave de A Cabana, pois isso atinge a própria natureza do evangelho. Young afirma no livro que a morte de Cristo serviu para Deus se reconciliar com os homens. Isto é verdade. Mas é apenas uma parte da verdade. A morte de Cristo serviu para afastar de nós a ira justa de um Deus santo. É isto que João afirma quando ele chama Jesus de nossa “propiciação” (I João 2:2).
Visto o entendimento errado da natureza da morte de Cristo, não devemos ficar surpresos, então, que Young chega muito perto do universalismo (a ideia de que todos serão salvos).
Conclusão
Não quero deixar a impressão de que A Cabana não possua nenhuma coisa boa, ou que não fale nenhuma verdade. Young é capaz de falar eloquentemente de conceitos como honestidade com Deus, perdão, e outros aspectos da vida cristã. É difícil, porem, recomendar esse livro sabendo que entre as verdades ela vai encontrar heresias altamente destrutivas.
Na verdade, a única coisa que A Cabana tem a ver com O Peregrino é o número de palavras no título.

SOBRE O AUTOR
Andrew Comings é natural do estado de Nova Iorque, nos EUA. Criado num lar cristão, ele aceitou a Cristo sendo ainda jovem.
Formado com Bacharel de Artes em Estudos Bíblicos pelo Spurgeon Baptist Bible College (agora integrado ao Piedmont Baptist Bible College), ele tambem cursou no Seminário Batista do Cariri de 1994 a 1996. Atualmente ele serve como professor e coordenador de estágios ministeriais no SBC.
Nas suas horas livres ele é roteirista e diretor de um programa de TV, A Cidade Feliz, e é autor de dois blogs: Comings Communiqué (http://www.comingstobrazil.com) e Caderno Teológico (http://cadernoteologico.wordpress.com).
Andrew é casado com Itacyara Bezerra Comings—natural de São Luís do Maranhão e formada do SBC. Eles têm dois filhos, Michael e Nathanael.
Contatos:
e-mail: brazilnut72@gmail.com facebook: www.facebook.com/AndrewComings twitter: www.twitter.com/AndrewComings

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Manifestando a Graça de Deus na Adoração.


Texto: Is 6:1-7
Introdução:
W. T. Conner escreveu: “O negócio primário, pois, da igreja não é a evangelização, nem as missões, nem a benevolência; é a adoração. A adoração a Deus em Cristo deveria estar no coração de tudo o que a igreja fizesse. Ela é a mola mestra de toda a atividade da igreja”.
Adoração cristã significa encontro com Deus. Sabemos quem está sendo adorado numa determinada igreja, verificando a quem a cerimônia está tentando agradar.
Liturgia, culto e adoração são três termos importantes em relação à prática religiosa que, caso sejam bem compreendidos, enriquecerão nossa experiência espiritual.
A liturgia tem há ver mais com nossas formas; culto, com nossas atitudes e adoração, mais com sentimentos e compreensão da relação de dependência e do sentimento de temor ao Deus a quem adoramos.
Considerando o acontecimento na vida de Isaias, podemos perguntar: Quanto à adoração manifesta a graça de Deus?
Acredito que temos aqui duas situações que manifestam a maravilhosa graça na adoração:
1. Na atitude reverente do adorador – v. 1-5
Encontramos aqui anjos e homem com um só sentimento: reverência diante de Deus.
Reverenciar é reconhecer a superioridade. No caso de Deus é reconhecer a sua soberania, sua majestade.
O excesso de intimidade gera irreverência. Ser irreverente com relação a Deus é rebaixar Deus ao nosso nível, é tratá-lo como se fosse um de nós.
“O primeiro sinal da decadência de um povo é o abandono de um elevado conceito de Deus” (A. W. Tozer)
Um conceito distorcido de Deus nos leva a uma falsa intimidade ou a um excesso de intimidade, o que acaba sendo a mesma coisa.
Você o que diz quando está diante de Deus?
Em muitas igrejas falta este sentimento de reverencia a presença de Deus no culto. As pessoas se comportam de qualquer maneira. Não se dá a devida importância a leitura das Escrituras e a pregação da palavra.
A cultura cristã de hoje não sabe ou não entende o que é reverência. Acham que reverência é ficarem de pé para lê as Escrituras. Ou mudar a tonalidade da voz.
Adorar com reverência é um sentimento que deve ser natural. É ouvir a pregação da palavra como se daquelas palavras dependesse toda a sua vida.
O ato de adorar segue um padrão estabelecido por Deus, não é de acordo com a nossa compreensão.
Deus não receberá a nossa adoração a luz da nossa compreensão, mas a luz da Sua Palavra. Ap 1:17 – 18 / Hb 12:28 – 29.
A reverência que manifestamos no culto é uma resposta da nossa compreensão de Deus. Por perde a dimensão de quem é Deus, muitos busca adorá-lo sem reverência.
Alguns acham que culto é lugar de repouso, por isso temos tantas pessoas a vontade e os que dormem.
Outros acham que culto é ir à praça pública, se vai de qualquer jeito, a qualquer hora, fazendo o que dá vontade.
Creio então que a primeira situação que manifesta a maravilhosa graça de Deus na adoração é através de um sentimento de reverência a Deus.
Uma segunda situação que é manifestada a graça na adoração é:
2. Na atitude de Deus em nos aproxima dEle. V.6-7
Isaías sentiu essa maravilhosa graça. Um anjo voou em direção a ele, e na purificação promovida por Deus, Isaías pode estar na presença de Deus.
Houve um momento no céu que Deus puxou a espada da ira e a cravou em Cristo. Isto ocorreu na cruz do calvário.
O ato de adorar ocorre por que Deus por Sua graça nos aproximou dEle por meio de Cristo.
A verdadeira adoração além de estar centralizada em Deus está centralizada também na obra e sacrifício de Cristo.
Quando João Batista viu a Jesus logo declarou: “eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.
Jesus sofreu os nossos sofrimentos, Ele morreu a nossa morte, Ele recebeu a ira que pertencia a nós. Tudo o que eu e você não podíamos fazer para nos aproximarmos de Deus, Ele fez.
Em Cristo somos purificados e temos então acesso a Deus. I Jo 1:7 / I Jo 3:3
Muitas igrejas e muitos crentes ainda não entenderam isso, por isso eles classificam igrejas e cultos de acordo com seus interesses.
Em muitas igrejas a obra de Cristo e o seu sacrifício estão em segundo plano. A cruz do calvário serve apenas de isca, é um meio para as pessoas chegarem à igreja. Então vem a prosperidade e outras coisas mais.
Estas igrejas bem como muitos que estão na igreja do Senhor esqueceram ou ignoram que a obra de Cristo, o seu sacrifício é o inicio, o meio e o fim da nossa união com Deus.
Perderam a cruz de vista. Não enxergam a cruz do calvário. Devemos saber que se a obra e o sacrifício de Cristo não estar em nossa adoração, ela é vazia. Sem Cristo não há culto, não há adoração.
Que Deus nos abençoe.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O Clamor do Peregrino


Texto – Sl 130
Introdução:
Você já ouviu falar de Hans Staden, um alemão que fora aprisionado pelos tupinambás no litoral fluminense, em 1554?
Este homem crente passou por grande desespero. Além de ameaçar devorá-lo a qualquer instante, os tupinambás, depois de terem-no levado para a aldeia deles em Ubatuba, arrastavam-no para que presenciasse as cerimônias canibais que realizavam.
Staden, viveu oito meses em meio aos seus raptores. Os tupinambás tinham-no transformado num animal doméstico, que seu dono, Ipirú-guaçu ou Tubarão Grande, conduzia amarrado como um cão para todos os lados.
Staden atribuiu a sua sobrevivência às orações, o tempo inteiro, feitas com redobrado fervor. Ao voltar para a Alemanha, resgatado pelo corsário francês Catherine de Vetteville, comandado por Guillaume Moner, escreveu um livro onde além de contar tudo que passou nas mãos dos tupinambás, reproduz as orações e preces que fez aos céus para poder escapar daquele pesadelo. Em 1999, foi lançado um filme que conta a sua história.
O Canto dos peregrinos nos mostra algumas atitudes que devemos ter quando o desespero chegar.
I – Quando em desespero precisamos clamar ao Senhor – Vvs. 1-2
O desespero pode nos pegar. Pode arrasar a nossa vida. Nesta hora devemos clamar ao Senhor.
O peregrino usa a palavra profundezas, o profundo das águas; alguém que está afundando, submergindo, afogando-se. Observe Salmo 69.2,14.
O peregrino está usado no sentido figurado, indica problemas, uma situação de grande aflição.
A solução? Alguns correm para pessoas amigas, outros para vícios, outros até tiram suas vidas. O salmista diz que a atitude correta é clamar ao Senhor.
Dirigir uma súplica urgentemente por socorro. Está é a solução. Em situação de profunda aflição, quando estiver se afogando na vida, podemos clamar a Deus. Pedir o seu socorro.
II - Quando desespero chegar clame por misericórdia e não apele a seus méritos. Vvs. 3-4
Todos são pecadores, inclusive eu e você. Nosso desespero não alivia nossos pecados diante de Deus. Não é uma situação vivida por nós que vai mudar a nossa situação diante de Deus.
O salmista sabe disso, ele reconhece e por isso clama por misericórdia. O clamor do salmista não é: me ajuda Senhor a sair desta situação por que não mereço passar por isso! Seu clamor é: me perdoa Senhor pois o temor a Ti esta presente em minha vida, e só tu pode me socorrer! Ne 9.17-19
Devemos buscar a Deus por sua misericórdia, reconhecer a nossa falta de méritos. Hans Staden fez isso.
O Canto dos peregrinos nos mostra que quando o desespero chegar, a primeira atitude a ser tomada é clamar ao Senhor. Clamar pela misericórdia de Deus e não por nossos méritos.
III - Quando em desespero, devemos esperar em Deus. Vvs. 5-8
O salmista declara que a sua atitude na hora do desespero é esperar ou aguardar com grande expectativa, um trabalhador pelo salário. Jó declara em 7:2-3 num momento de desespero que: Como o escravo que suspira pela sombra e como o jornaleiro que espera pela sua paga, assim me deram por herança meses de desengano e noites de aflição me proporcionaram.
Esta esperança renova as forças como diz Isaias 40.31; sobem com asas como de águias, correm e não se casam, caminham e não se fatigam.
Deus é bom para quem espera Nele. Em momentos de abatimento, devemos esperar no Senhor. Pode ser uma espera breve ou uma longa espera, mais Ele vem com a sua redenção. Sl 42.5, 11; 43.5
Não devemos nos desanimar, Lm 3.21 é o que precisa ser lembrado. “Quero trazer a memória o que me pode dar esperança”.
Porque esperar? Porque somente Ele pode nos redimir. Sl 40:1-3
Os antropólogos modernos, por acharem que conhecem hoje melhor os rituais de canibalismo, lendo a história de Staden, chegaram a outra conclusão sobre o seu livramento.
Dizem que os tupinambás não o abateram por que Staden pareceu-lhes ser um covarde, cuja carne era indigna de ser ingerida por um valente tupinambá. Não foi o cuidado de Deus que o salvou, mas o orgulho próprio dos tupinambás. Será?
Cremos que Hans Staden sobreviveu pela graça de Deus como ele mesmo confessou, pois em seu desesperou correu para os braços de Deus.