quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O PROPÓSITO MESTRE - A GLÓRIA DE DEUS


John F. MacArthur Junior / Resumo Descritivo
Parte 3

Se você saisse pela rua perguntando a dez pessoas quaisquer o que elas consideram ser o maior propósito do homem, obteria na certa uma variedade de respostas: Dinheiro, amor, casamento, sexo, liberdade, status, prazer, paz, felicidade, etc.
Mas do ponto de vista de Deus, há apenas uma resposta: "Glorificar a Deus e ter prazer n'Ele para sempre".
A glória de Deus! É essencial que entendamos o conceito bíblico da glória de Deus.
Acredito que maturidade espiritual se resume numa vida concentrada e focalizada sobre a pessoa de Deus, até que se enleve e se integre em Sua majestade. O homem não cumpre seu propósito para com Deus até que ele O glorifique.
Deus não é um monstro. Não está sentado lá no céu exigindo que nós 0 glorifiquemos apenas em Seu próprio benefício. Pelo contrário, promete que se nós O glorificarmos, Ele nos recompensará com alegria completa.
O que significa glorificar a Deus? Podemos encará-lo na prática sob dois aspectos. O primeiro concerne à glória que Deus possui em Si mesmo. Quero dizer com isso que a glória de Deus é intrínseca à Sua própria natureza. Considere as palavras dos serafins em Isaías 6:3, "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda a terra está cheia de Sua glória".
Deus possui glória intrínseca em virtude de quem Ele é. Não é glória dada a Ele. Se o homem nunca tivesse sido criado, e se os anjos não tivessem sido feitos, será que Deus ainda seria um Deus de glória? Certamente que sim! Se ninguém desse glória, honra ou louvor a Ele, será que ainda seria o Deus glorioso que é? Sem dúvida! Esta é a glória intrínseca - a glória da natureza de Deus. E a manifestação e a combinação de todos os Seus atributos (isto se vê claramente em Êxodo 33:18,19).
Este aspecto da glória de Deus é tão essencial para Ele como o é a luz para o sol, ou o azul para o céu, ou o molhado para a água. Não há necessidade de se mandar que o sol brilhe, pois ele o faz naturalmente. Não se faz com que a água se molhe - ela já é molhada. E nem é preciso pintar de azul o céu, pois esta é a sua cor em nossa atmosfera. Também é assim com a glória de Deus. Não podemos oferecê-la a Ele e nem diminuí-la: Ele é quem é. Ele é a perfeita harmonia de todos os Seus atributos — "o Deus da glória" (Atos 7:2).
Há porém um segundo aspecto. Embora tenhamos ressaltado que nada se pode somar à glória de Deus, há uma maneira em que as criaturas de Deus podem glorificá-lO. Não é somar algo a Sua natureza, mas apenas demonstrar a glória de Deus às pessoas.
Davi diz: "Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas" (I Crônicas 16:24). Note bem que ele diz anunciai, e não dai. Declarar a glória não é o mesmo que dá-la: "Glória e majestade estão diante dele" (v.27).
I Crônicas 29:11. Após esta declaração, Davi resume tudo dizendo: "Agora, pois, ó nosso Deus, graças te damos, e louvamos o teu glorioso nome"(v.13). Davi reconheceu o que já era verdade -que Deus possuía glória inata, e que deveria ser louvado por isto.
Encontramos outro exemplo no Novo Testamento: Paulo orou para que "Cristo seja engrandecido no meu corpo" (Fp 1:20). Ele não quis dizer que poderia melhorar a Cristo. Estava dizendo que desejava exaltar a Cristo perante os olhos do mundo. Quando exaltamos a Deus, quando O louvamos, quando O engrandecemos, nós O glorificamos. É isso que o apóstolo quis dizer ao ordenar: "Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, que são de Deus" (I Co 6:20). Isto é, dar testemunho puro da glória de Deus para que os homens a vejam.
Outro exemplo é-nos dado por Paulo em I Tm 1:17. O apóstolo não está dizendo que os homens podem aumentar a glória intrínseca de Deus, mas que podem dar glória a Ele permitindo que Ele seja visto em suas vidas pelos outros.
Vemos o mesmo no livro de Judas 25. E em Apocalipse encontramos multidões de pessoas dizendo "Glória, glória, glória". E é assim que engrandecemos a Deus perante o mundo... mas não acrescentamos nada à Sua natureza.
Tendo visto esses dois aspectos da glória de Deus — o fato de que é intrínseca e de que os homens podem declará-la — vejamos mais detalhadamente como este tema se revela na Bíblia. A história bíblica revela a glória de Deus no passado. A profecia bíblica prevê a glória de Deus no futuro. E na Igreja de hoje, vemos a glória de Deus no presente.
A glória de Deus é um tema contínuo nas Escrituras. Como a Bíblia revela a glória de Deus no passado? Ele o fez primeiramente no Jardim do Éden onde manifestou pessoalmente a Sua glória a Adão e a Eva.
Gênesis 3:8 nos diz que o primeiro casal ouvia a voz de Deus quando passeava no jardim, na virada do dia. Mas o mesmo versículo relata-nos que, numa tentativa de escapar à responsabilidade pelo seu pecado, eles procuraram se esconder da presença do Senhor. É evidente que Deus vinha a eles não apenas como uma voz mas também por alguma manifestação visível de Sua glória.
O hebraico tem uma palavra para isso — shekinah, que significa habitar ou residir com. Foi utilizada pelos judeus e mais tarde pelos cristãos para exprimir a presença visível e santa de Deus.
Vamos ver a história a partir do capítulo 33 de Êxodo. Neste ponto, Moisés já assumira seu papel como líder do povo de Deus. A lei já havia sido dada. Mas a jornada difícil para a Terra Prometida ainda estava à frente. Moisés reclama de Deus a promessa de tirar o povo do cativeiro e conduzi-los adiante. Agora ele ora: "...se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça" (v.13). Moisés sabe que não poderia conseguir nada sozinho. Deus lhe assegura de que Sua presença irá com ele (v.14).
Mas Moisés ainda duvida de que a tarefa tenha sido dada pelo Senhor. Pede portanto um milagre: "Rogo-te que me mostres a tua glória" (v.18). Será que Deus o atenderia? Como Moisés ansiava por ouvir a resposta! "Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor..." (v.19).
A palavra bondade aqui refere-se à manifestação ou à essência dos atributos gloriosos de Deus, caracterizados pela graça e misericórdia.
Vejamos João 1:14. A glória de Deus na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Quando é que mais plenamente ela se manifestou? Na montanha, por ocasião da Transfiguração (Lucas 9:28-36). Lá, por alguns minutos na presença de três discípulos, o Filho de Deus permitiu que todo o Seu esplendor aparecesse.
Será que reaparecerá essa glória no futuro? Nosso Senhor deu a resposta pessoalmente ao falar um dia com Seus discípulos. Falou-lhes de um período de grande tribulação que um dia cairia sobre o mundo, após o qual haveria um acontecimento especial: Mateus 24.30.
Nós estaremos lá. Todos os mortos em Cristo, como também os que estiverem vivos por ocasião do arrebatamento, voltarão com Ele naquele momento. Embora fantástico é também verdade absoluta. A Palavra de Deus nos promete isso. (Cl 3:4). Quando Ele voltar, nos dará corpos glorificados capacitados a gozar Sua gloriosa presença para todo sempre.
Olhamos rapidamente o significado da glória de Deus no passado, revelada no período do Antigo Testamento e durante o tempo do ministério terreno de nosso Senhor. Também temos alguma idéia da glória que virá no futuro. E quanto à glória de Deus no presente? Onde está, agora, a glória?
Aqui mesmo - no corpo de Cristo. É nosso privilégio, nosso propósito, nosso dever manifestar a glória de Deus. Paulo nos diz que somos um templo santo que abriga a glória de Deus (Ef 2:21,22). Um dos propósitos de Seu corpo, a Igreja, é a "iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo" (II Co 4:6). Embora sejamos vasos de barro, levamos conosco a glória de Deus.
As pessoas deverão ver Cristo em nós, a esperança da glória (Cl 1:27). Quanto mais estivermos amadurecidos, mais poderemos irradiar a glória de Deus. "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (I Co 10:31).
O motivo supremo para a evangelização deve ser a glória de Deus. Era isso que movia o apóstolo Paulo. Ele trabalhava, pregava, derramava o seu coração "por amor do seu nome" (Romanos 1:5).
A glória de Deus. Se este for o Propósito Mestre, a estrutura da nossa vida, estaremos crescendo no Senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário